Pesos e Medidas

Já escalei montanha, fiz trilha no meio do mato, saltei de asa delta, andei sozinha em ruas desertas, dirigi na chuva em meio a raios e trovões e até corri de cachorro bravo... mas nenhum medo se compara ao de olhar nos seus olhos e deixar você descobrir os meus sentimentos.

Sinto cólicas mensais, faço depilação com cera quente, tiro bife das unhas, já tive enxaqueca, dor de ouvido e no braço quebrado... mas nenhuma dor é maior do que a de ver alguém ao seu lado.

Falo pelos cotovelos, converso com o porteiro, com os amigos, com o dono da padaria, com o filhinho do vizinho, com o flanelinha e até com algumas autoridades... mas nenhuma palavra consegue sair da minha boca, quando você chega perto e eu quero gritar o que sinto.

Não choro quando vejo comercial de margarina, nem quando aperto o dedo na porta, nem quando vejo final de novela, nem quando me magoam... mas não consigo segurar a lágrima que teima em cair, todas as vezes que você não me percebe.

Já quis fugir de casa e não fui, já quis largar tudo e dar a volta ao mundo e não fui, já quis ser trapezista de circo, não fui e me conformei... mas não consigo me conformar em querer tanto você e não ter.

Já perdi em jogo de dama e buraco. Perdi livros e cds que adorava, perdi amigos que foram morar longe, perdi tempo com quem não devia, perdi vôos e encontros importantes... mas perder você, parece ser inaceitável.

Tantos ideais construídos, experiências vividas, sentimentos compartilhados, alegrias, perdas, vitórias, conquistas...

Tudo isso parece tão pouco agora, nesse momento... como se somente a sua presença fosse o suficiente para toda uma vida.