Lembrava, claramente, do rosto dele naqueles dias em que, enquanto treinava vôlei pela manhã, o via sentado na arquibancada da quadra, assistindo atento.
Ela não era uma jogadora profissional, fazia apenas uma atividade esportiva que gostava e ele não estava lá para vê-la, apenas matava o seu tempo ocioso.
No colégio não se encontravam...ele estava a três séries a menos e ela era três anos mais velha. Nesse período, a diferença de idade era mais visível...ela já era uma mocinha que começava a paquerar e ele um moleque que, provavelmente, ainda “jogava futebol de botão com seu avô”.
O tempo passa, o tempo vôa, a poupança Bamerindus não existe mais e a diferença de idade entre eles agora parece bem menor.
Eis que em um feriado, eles retornam àquela “pequena e pacata cidade de Miracema do Norte”, onde nasceram, e se permitem um olhar mais incisivo, pesquisador, curioso e com um certo desejo que jamais pensariam existir.
Encontraram-se naquela festa do sábado à noite onde estavam os velhos amigos de infância e sem maiores negociações, deram um beijo.
Ela concluiu que sendo ele três anos mais novo, algumas concessões deveriam ser feitas, mas ficou feliz em sentir que o beijo era bom e não precisaria atribuir à idade dele, caso não fosse.
É claro que ela já se relacionou com caras até mais novos, mas havia um agravante: os outros ela não tinha conhecido na infância.
Saindo da festa, um convite para trocar beijinhos dentro do carro, nada mais natural em uma cidade pequena do interior onde existem tantas ruas desertas.
Convite aceito e então resolveram se afastar o quanto podiam do centro da cidade, parando em um lugar mais deserto, escuro (um breu, melhor dizendo) e com aquele céu que só existe nesse tipo bucólico de cidade.
Ficaram um bom tempo ali parados... e ela não conseguia parar de fazer algumas ponderações: era atencioso como se tivesse 3 anos a mais e com o atrevimento peculiar aos seus 3 anos a menos. Tinha a compreensão de 3 anos a mais, sem deixar de ter a pressa de quem possui 3 anos a menos.
Pronto! Agora vou satisfazer a sua curiosidade: eles não transaram dentro do carro, ok? Óbvio que por decisão dela!
Mas a conversa era boa, a sintonia idem e ele se mostrava mais carinhoso do que ela imaginou que seria.
Que bom! Três anos a menos não fazem mesmo a menor diferença, pensou ela.
Apesar da relutância de quem queria passar a noite inteira ali, decidiram por voltar para casa. Ele ligou o carro e o farol iluminou o que estava na frente: uma dessas estradas não pavimentadas onde percebia-se um convite à prática de um “cavalo de pau”.
E ele, com todo o seu espírito aventureiro e a irresponsabilidade dos 3 anos a menos, resolve puxar o freio de mão, apesar de todos os protestos dela.
O problema é que a estrada muito estreita e escura, dificultava a manobra para o carro retornar. Então, sem pensar muito onde estava e sem medo, ele segue mais para a frente percebendo depois que tinha atolado os pneus dianteiros a milímetros de um precipício...e, certamente, o carro não sairia dali sozinho, nem se ele tivesse um cinto de utilidades igual ao do batman.
Quando ela percebeu onde o carro estava, prendeu a respiração com medo de que qualquer movimento pudesse incliná-lo mais para a frente e fazê-los descer ribanceira abaixo.
Rapidamente, cogitou que por não ter aceitado transar com ele naquele momento, talvez aquilo fosse uma vingança e que a próxima frase dele seria: “ou você dá ou a gente desce!”
Merda! Três anos a menos, fazem mesmo muita diferença, pensou ela de novo!
Mas essa não foi a intenção dele, que ficou visivelmente chateado com a proporção que uma atitude bôba e momentânea havia tomado, deixando o seu carro a centímetros de uma queda livre e colocando em risco a vida deles.
Saíram do carro e a situação se transformou em comédia!
Riram muito e apesar da lua não ter se mostrado, a noite estava linda e eles continuaram a conversar perto do carro pendurado, enquanto esperavam a ajuda de um amigo discreto que não questionaria mais tarde o que eles estavam fazendo ali, nem espalharia o acontecido pela cidade...e tudo foi resolvido!
Ah! Já ia esquecendo... ele pediu o telefone dela... e ligou durante a semana!
Três anos a menos de pura atitude!!!
Hummm...toh torcendo por ela viu Liz? E quem sabe eu mude minha idéia em relação aos homens mais novos?! **
ResponderExcluirhahahahahahaha....rapaz eu tô rindo MUITO !!!!
ResponderExcluirhahha
Muito bom, amiga.
Muito bem escrito.
Tá uma cronista de primeira!!!!
beijos
Dessa eu num tava sabendo hahahahahahah
ResponderExcluirQue massa! Adorei a historinha e esse título "Um encontro na zona rural" tá engraçado demais.
Lôra, sua amiga Patricia tem razão: vc tâ uma cronista de primeira.
Bj
Celo
PS: saudades!
Miracema do Norte tem é história...
ResponderExcluirEm Miracema do Norte já chegou Coca Cola??
ResponderExcluirkkkkk
Ri muito!!Três anos a menos fez uma amiga nossa voltar de Maceio achando que o amor é possível. Três anos a menos cuidou dela como se tivesse três anos a mais.
bjocas
p.s: pode deixar que largo mais não...mas precisava declarar minha indignação (positiva) com músicas tão fortes.
kkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirjá comecei o sábado rindo muito dessa história.
ainda bem q vc não é de Miracema do Norte, né minha Lôra?..ainda bem!!! Sou ciumento! heheheh
BEIJO
Léo